1 de julho de 2014

Prelúdio/Ai com licença moço, deixa eu passar.

Não escrevo frequentemente, mas, quando o faço, quero que seja bom.

Lendo Na Estrada, de Jack Kerouac, onde o personagem principal viaja pelos Estados Unidos com apenas $50 dólares no bolso, me pego pensando na minha trajetória. Não a física, pois essa é só um prefixo para a que segue: a evolução psicológica. Não sou de escrever, confesso. Foi-se o tempo em que me escondia atrás de um documento em branco e despejava sinais de uma garganta fechada. Mas lendo – Ah, lendo! – me reviro no túmulo da leitura e volto a essa maravilhosa vida ‘bookal’. Mas vamos ao que interessa, sim?

-Ah sim... Seu Sentimentos! Que visita maravilhosa! Pode entrar.

Sabe aquela sensação da vida correndo por seus olhos, como um trem em alta velocidade que passa sem deixar rastros e só o que fica é o eco e uma lembrança desfocada do que foi? Pois é... Ás vezes me acontece.


Por algumas vezes, acordo sem saber quem sou, quando sou e onde sou. Tirando o mínimo múltiplo comum desses três questionamentos, chegamos em ‘Sou’. Ou seja, sei que sou, e disso não duvido. Mas é uma confusão! A cabeça agora vira cenário para briga de bar. Ainda de olhos fechados, o cérebro faz um search geral nos meus arquivos, documentos, rastreia meu histórico, e faz um cálculo incrível de probabilidade. Aonde é provável que eu esteja? Esqueça essa última pergunta pois não é relevante. Mas você entende? Aonde é o limite do meu existir? E a consciência do meu existir, onde acaba? E ao mesmo tempo penso em quanta vida já vivi!!!! E agora, e só agora, entendo o que o garanhão Roberto Carlos cantava.

...E a cabeça continua louca, e louquinhos continuam os sentimentos. Mas, incessante, a música do caminhão do sorvete me persegue.