5 de agosto de 2009













A cereja é a cereja e o bolo é o bolo,
..............................................................ou não.

2 de agosto de 2009

Fuso Horário Alternativo

E lá estava eu, olhando fixamente no refletor. Via-me ator, como no filme que acabara de ver, fingindo a vida, como se existisse algo o que fingir. Vi-me, então, perdido em pleno pátio. Segui-os, na pura obrigação, até adentrarem numa loja qualquer, e depois, ah! depois foi me batendo uma sensação freguesa em vossas veias, mas a qual conhecia da existência. E o corpo lá estava: morto, e a mente, mais viva que nunca, ou morta, sei lá. Era mais que impossível carregar as pernas. O andar arrastado. As vidas passavam longe aos meus olhos, e por detrás: nada.
Isso não é um sonho. Então chegara a praça de alimentação. Os rostos sentados pareciam em seu devido lugar, comendo sua devida comida, bebendo sua devida bebida e, em meio a inúmeros assentos vazios, não havia um que me acomodasse.
Era como um filme em câmera lenta e, de vez em nunca, surtava. A angústia, inexpressível. Alguma vontade de matar, de ser morto. O corpo não conseguiria. Sentei-me, pois, na cadeira que, finalmente, me pertence. Ofereceram-me chopp. Bebi. Encostei. Por pouco não adormeci.
Era como um sonho. Perguntaram o que sentia. Fiz que não sabia. Perguntaram o que eu vi. Fiz que não ouvi. Como poderia ser testemunha do que não testemunhei? Ou será que o fiz? Não sei. Talvez. Incerteza devia ser um dos sintomas.
Não era um sonho, disse a mim mesmo, mas que parecia, parecia. Ainda mais na cena a qual levanto a cabeça, e todos os olhos em minha direção. Custava a piscar, enquanto o mundo não cansava de girar, aos meus olhos. Não havia tomado ácido, não que lembrasse.
E agora, pós pequenas horas, escrevo o que não entendi - nem que talvez entenda - por diferente fuso horários que vivi.